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sábado, 20 de novembro de 2010

«Profissionalização nos Bombeiros do concelho é premente»

O comandante operacional municipal de Alenquer considera que o profissionalismo nos Bombeiros do concelho “tem hoje cada vez mais cabimento e é cada vez mais premente”, tendo em conta os grandes condicionalismos e constrangimentos do voluntariado, e a necessidade de uma resposta imediata e eficaz em termos de emergência e socorro às populações. “A tendência é essa, até, porque trabalha-se muito e com mais meios humanos no Verão mas durante o resto do ano é que é mais complicado; com todo o respeito pelos incêndios florestais e por quem é afectado por eles, preocupa-me mais a emergência pré-hospitalar, os incêndios urbanos e industriais, os sismos, as inundações do que propriamente os fogos florestais”, afirmou Rodolfo Batista, no programa “Fórum Alenquer”, da Rádio Voz de Alenquer.
O responsável sublinhou que “de Inverno temos meios muito limitados em Alenquer e Merceana, que são aqueles que andam a fazer o transporte de doentes para os tratamentos e uma equipa para garantir a emergência médica, ou seja, se houver uma urgência sai aquela equipa com a ambulância e se houver outra emergência a seguir ficamos limitados”. “Não se pode ter um acidente ou um incêndio urbano, ou uma situação de emergência, e tocar uma sirene esperando que possa vir alguém ou não”, enfatizou Rodolfo Batista, preconizando, “numa perspectiva municipal, a criação de duas equipas permanentes de primeira intervenção – com cinco elementos em Alenquer e cinco em Merceana – a fazerem um turno só de dia, e com o voluntariado reforçado à noite, pois só com esse dispositivo conseguíamos resolver os problemas”.

Apesar de o concelho de Alenquer dispor actualmente de cerca de 200 bombeiros, o também comandante dos Bombeiros Voluntários da Merceana reconheceu que “é muito complicado, a nível de actualizações e de exigências da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), conseguirmos manter o espírito do voluntariado e conseguirmos que o pessoal novo entre para os bombeiros”. “Não é fácil e até os que já lá estão pensam duas vezes, porque é muito complexo como é que se exige tanto de uma pessoa que quer dar em regime de voluntariado e depois não é reconhecido como tal”, vincou Rodolfo Batista, explicando que “hoje um bombeiro em regime de voluntariado tem que fazer anualmente 150 horas de formação no corpo de bombeiros, 270 horas de serviço voluntário e cerca de 80 horas de reforço de piquete para manter a certificação perante a ANPC e cumprir os mínimos que eles exigem”.
A nível material, o responsável admitiu que a protecção civil municipal se confronta com algumas limitações, como sejam “a falta de um equipamento de escoramento e resgate em deslizamentos, ou em derrocadas de habitações, nas duas corporações de bombeiros do concelho” e apontou negativamente a antiguidade das viaturas de combate a incêndios florestais – uma das quais já com 35 anos –, advertindo, ainda, para a necessidade de mais duas ambulâncias.
Motivo de regozijo e particular satisfação, para o comandante operacional municipal de Alenquer, é a aprovação do Plano Municipal de Emergência, por parte da ANPC, com 18 valores, sendo que “já tivemos provas de que o documento está bem feito, como foi o caso do temporal que assolou o concelho no passado dia 23 de Dezembro, em que constatámos que funciona e está validado com a realidade existente”. O plano contempla respostas ao nível dos diversos riscos a que o concelho está sujeito, mas, “basicamente, o que nos preocupa mais é a questão das inundações, dos sismos e de alguns deslizamentos de terras, assim como o acidente rodoviário”, especificou Rodolfo Batista, apelando em particular às entidades que integram a Comissão Municipal de Protecção Civil e aos munícipes alenquerenses em geral que “consultem frequentemente o documento [disponível para download na página da Câmara de Alenquer na Internet], porque conhecendo as regras básicas de procedimento tudo corre melhor de certeza absoluta”.
Alvo de constante actualização, o plano de emergência será testado duas vezes por ano, estando já a ser agendados e estruturados, segundo anunciou o responsável, simulacros em Alenquer e em Merceana, envolvendo todos os agentes da Protecção Civil, com cenários que ainda estão elaborados.


Por pouco não nasceu no quartel da Merceana
A vida de Rodolfo Batista é indissociável dos Soldados da Paz praticamente desde o berço. Há 32 anos, só por pouco não nasceu no quartel dos Bombeiros Voluntários da Merceana, que começou a frequentar com apenas com oito dias, já que o seu avô era o quarteleiro e o tio, Procópio Batista, o comandante.
A 30 de Setembro de 1989, tinha então 12 anos, entrou para o corpo activo, passando a bombeiro de 3ª seis anos mais tarde. Promovido a bombeiro de 2ª em 1997, foi nomeado 2º comandante em 1999. Chegou à liderança dos Bombeiros merceanenses sete anos depois. Aos 31 anos foi nomeado comandante operacional municipal, em comissão de serviço de três anos que acumula com o comando dos Bombeiros Voluntários da Merceana.
Com um vasto currículo obtido na Escola Nacional de Bombeiros, revela-se um estudioso da área, estando actualmente a frequentar uma licenciatura em Protecção Civil.

Artigo publicado no "Nova Verdade", edição de 15FEV2010

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