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domingo, 19 de dezembro de 2010

«Alenquerenses não souberam aproveitar Nuno Coelho para presidente da câmara»

Notícia "Nova Verdade", edição de 15DEZ2010

Vítor Ronca, militante número um e líder concelhio do PSD/Alenquer, confessa que ficou decepcionado com o resultado das últimas eleições autárquicas, que deram a vitória uma vez mais aos socialistas, agora sob a égide de Jorge Riso. “Nuno Coelho teve um bom resultado, mas não teve o resultado que eu esperava, já que contava até que ele ganhasse”, confessou aquele que é também o presidente da Junta de Freguesia de Triana, desde 2005, garantindo que se o candidato social-democrata à presidência da câmara tivesse vencido em 2009 “a situação do município seria diferente, mas afinal [com a passagem de testemunho de Álvaro Pedro para Jorge Riso] ficou tudo na mesma”.
Numa entrevista ao “Fórum Alenquer”, programa de actualidade política da Rádio Voz de Alenquer, Vítor Ronca, de 65 anos, destacou as qualidades de Nuno Coelho, lamentando que “os alenquerenses não tenham sabido aproveitar para presidente da câmara este arquitecto de uma competência extraordinária e agora está-se a ver o resultado”.
Vítor Ronca recordou a filiação de mais de 35 anos no PSD, salientando que iniciou o seu percurso político muito antes do “25 de Abril”. “Antes dessa data participei em várias iniciativas promovidas pela CDE, mais tarde MDP/CDE, tinha eu os meus 25 ou 26 anos. Lembro-me de algumas reuniões de oposicionistas ao regime, junto à Romeira, nas Oficinas Auto-Diesel, que eram acompanhadas pela GNR, e quando os discursos ultrapassavam determinados limites chamavam a PIDE e tínhamos todos que fugir. Uma vez tive que me esconder numa ribeira e fiquei durante algum tempo a respirar por uma cana para não ser preso”, recordou o dirigente e autarca social-democrata alenquerense.
Logo após a revolução de 25 de Abril de 1974, Vítor Ronca resolveu aderir ao então Partido Popular Democrático (PPD), actual PSD. “Não me foi difícil escolher, pelo contrário, até foi muito fácil. Fi-lo pelo facto de o PPD ser um partido genuinamente português, feito à medida da nossa cultura, dos nossos costumes e dos nossos anseios, sem copiar qualquer Internacional Socialista ou socialismo científico”, justificou, assumindo-se como admirador do pensamento humanista e interclassista de Francisco Sá Carneiro.
Com um grupo de correligionários constituído por Vítor Alves, Manuel Guerra, José Saloio, o Fernandes (das Finanças), David António, fundou a estrutura concelhia do PPD/PSD em Alenquer. “Naquela altura não era fácil ser do PPD em Alenquer. Eu lembro-me que nas primeiras eleições autárquicas, para a freguesia de Triana, o partido elegeu apenas um elemento num total de nove mandatos”, sublinhou, lembrando a sua primeira eleição, no âmbito da lista da Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM) para a Assembleia Municipal de Alenquer, em 1979.
Alenquer acabou por se tornar num bastião socialista, depois de uma tentativa de hegemonia do PCP, e Vítor Ronca explicou porque é que, na sua perspectiva, isso aconteceu: “O Álvaro Pedro, não parecendo e não tendo um grande discurso, era um politico muito hábil. E nas primeiras eleições, quando o PCP tentava dominar, conseguiu angariar os votos do CDS e do PSD para fazer frente aos comunistas. E essa habilidade que ele tinha para congregar votos à sua volta, voltou a dar-lhe sucessivas vitórias, que eram mesmo com maior expressão que a votação do PS para as legislativas”, sustentou, admitindo que “sempre foi muito difícil para o PSD fazer campanha e trabalhar politicamente em Alenquer; aliás, ainda hoje não é fácil, porque, sobretudo no alto concelho, as pessoas olham para a cor do partido e não para as ideias e os projectos”.
Vítor Ronca recordou o período mais negro da vida do PSD/Alenquer, vivido após as eleições de 1997, em que “o partido bateu no fundo após o resultado eleitoral desastroso alcançado pelo então líder concelhio João Manuel Guiomar (16%), que só conseguiu eleger-se a si mesmo e acabou por se passar para o lado dos socialistas”. “Tive que pegar no partido, apenas acompanhado por um jovem que na altura liderava a JSD – o Pedro Afonso – e conseguimos tirar a confiança política ao vereador. Fizemos o percurso político até às eleições de 2001 e conseguimos arranjar um candidato de fora do concelho, o professor Nandin de Carvalho, que apesar de ser bastante polémico deu um abanão em Alenquer e voltámos aos 21%”, descreveu aquele que em 16 de Abril último voltou a assumir a presidência da comissão política concelhia do PSD.

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