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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pólo de Abrigada alberga três das 15 empresas portuguesas de economia de comunhão

Longe dos portões do capitalismo, cerca de quinze empresas portuguesas abriram as suas portas à economia de comunhão, uma nova cultura económica em que, mesmo em tempo de crise, os lucros são em parte repartidos pelos mais carenciados.
Três das quinze empresas estão sedeadas no pólo de economia de comunhão de Alenquer, que foi inaugurado em Novembro e é o único no país e um dos 35 existentes em todo o mundo.
A economia de comunhão foi lançada no Brasil em 1991 por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos “Focolares”, um movimento religioso que surgiu em Itália nos anos 40, com o intuito de ajudar os mais pobres.
Nem a quebra de lucros decorrente da crise que o país atravessa faz estas empresas baixarem os braços quando se trata de fazer o bem comum.
“Temos as mesmas dificuldades e enfrentamos a mesma concorrência do que as outras empresas, mas pensei em aderir por pensar que, não procurando o lucro só para mim, podia chegar aos outros pelo meu trabalho”, explica José Maria Raposo, empresário e presidente do pólo.
Instaladas na Abrigada com o intuito de criar novos postos de trabalho e desenvolver a freguesia, estas empresas repartem cerca de 20 por cento dos seus lucros por pessoas carenciadas e estabelecem relações laborais com base no princípio da fraternidade.  Na empresa de consultoria de José Maria Raposo, os donativos mensais superiores a um salário mínimo são canalizados para uma família, cujos rendimentos são insuficientes para pagar a universidade dos filhos.
Já a empresa de reciclagem de plásticos e cartão, criada há apenas seis meses, foi à procura de desempregados de longa duração.
“Contratámos um funcionário que estava no desemprego, mas como nos transferimos de Sintra para Alenquer, a nossa preocupação foi evitar que ficasse no desemprego e conseguimos um trabalho como motorista numa outra empresa”, exemplifica o empresário Carlos Cavalcanti.
O pagamento do mesmo salário a um trabalhador com deficiências ou o tratamento dos problemas de alcoolismo de outro são práticas comuns nas quinze empresas, que preferem a integração ao despedimento.
No pólo de Alenquer está ainda instalado um centro de reabilitação, que não só recebe material doado como pratica preços considerados acessíveis para fazer chegar a fisioterapia e outros serviços de saúde à população.

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