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sábado, 9 de abril de 2011

Quarenta e quatro anos de devoção aos Bombeiros Voluntários

Chefe António Sousa, dos Bombeiros da Merceana
No Ano Europeu do Voluntariado o destaque deverá ser dado a cidadãos com um percurso de vida dedicado aos semelhantes. E é neste contexto que o Nova Verdade apresenta aos seus leitores a história simples, mas singular, do mais antigo bombeiro voluntário em actividade no concelho de Alenquer.
Chama-se António Zeferino Correia Sousa, tem 62 anos de vida e um historial de 44 como bombeiro voluntário na Associação de Bombeiros Voluntários da Merceana. Actualmente, em termos profissionais, na situação de pré-reforma, depois de uma carreira primeiro como electricista de automóveis e depois como electricista da EDP, carrega consigo uma história de altruísmo e abnegação, eventualmente, parecida à dos largos milhares de bombeiros que, em regime de voluntariado, exercem a cidadania nas cerca de quatro centenas e meia de corporações de bombeiros voluntários existentes em todo o País. 

“Desde os meus 15 anos que desejava ser bombeiro, mas estive de esperar até aos 18 para integrar a então secção da Merceana dos Bombeiros Voluntários de Alenquer, porque na altura não era permitido entrar para a corporação como menor”, recorda António Sousa, natural e residente no Paiol, freguesia de Aldeia Galega da Merceana, bombeiro voluntário desde 1 de Janeiro de 1967, destacando a grande paixão que nutre pelos “soldados da Paz”, que não consegue especificar se são a sua primeira ou segunda família. “Estraguei muito a minha vida por causa dos bombeiros, tive, até, problemas familiares por causa de ir para os fogos, mas a minha mulher, Gracinda, com quem casei aos 19 anos, sempre me apoiou”, refere o bombeiro voluntário mais antigo do concelho, que em 10 de Junho de 1982 assistiu à independência dos bombeiros merceanenses, com o nascimento da Associação dos Bombeiros Voluntários da Mereceana.
 “O maior incêndio em que participei aqui na região foi em Montejunto; o fogo começou em Vila Verde dos Francos e foi parar ao Furadouro, no alto da serra. Andámos lá oito dias a combater as chamas, foi muito duro”, revive António Sousa, que no ano passado foi operado ao coração e chegou a pensar que tinha chegado ao fim o seu percurso como bombeiro voluntário, mas tudo não passou, afinal de um susto. “Seis meses depois da cirurgia, na qual me foi instado um ‘pacemakers’, já andava a apagar fogos no Norte, mas eu já tinha decidido que, mesmo que não pudesse continuar no corpo activo, continuaria na corporação, talvez ligado à logística”, salienta o chefe dos Bombeiros Voluntários da Merceana, que além de continuar a sair para os fogos, é condutor de ambulâncias. 

Artigo desenvolvido na última edição do "Nova Verdade"

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