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sexta-feira, 1 de março de 2013

José Carlos Morais abandona CPNT e renúncia a cargos autárquicos

José Carlos Morais sente-se um "corpo estranho" na política local
Farto de se sentir um “corpo estranho” no sistema político local, considerando-se “marginalizado” pela Coligação Pela Nossa Terra (CPNT) cujas listas integrou nos dois últimos mandatos autárquicos, José Carlos Morais decidiu bater com a porta. O professor de biologia e dirigente ambientalista, de 52 anos, anunciou a sua renúncia aos mandatos como eleito independente na Assembleia de Freguesia do Carregado e na Assembleia Municipal de Alenquer.
Numa declaração pública, o fundador da associação ambientalista concelhia (Alambi) esclareceu que “quando convidado pelos responsáveis locais do PSD e CDS para integrar uma coligação que se perspetivava para candidatura ao próximo mandato autárquico, disse que só o faria nas mesmas condições em que me encontro atualmente envolvido na CPNT: com uma equipa de pessoas em que confiasse, com um programa eleitoral com objetivos e princípios semelhantes aos anteriormente apresentados e assumindo na plenitude a qualidade de independente, uma vez que não sou militante nem me encontro ideologicamente ligado a nenhum dos partidos que integram a coligação”. Os partidos presentes terão ficado de estudar as suas “exigências”, informando-o desde logo que “a equipa e o programa não deviam sofrer grandes alterações”.
Certo é que desde essa reunião realizada em 19 de novembro de 2012, ficou a aguardar uma resposta que tardou em aparecer. “No início de Fevereiro, e porque continuava sem qualquer informação sobre a situação, relembrei [os dirigentes concelhios de PSD e CDS] que continuava à espera de uma resposta. No dia seguinte soube pela comunicação social nacional que a coligação tinha avançado com a candidatura. Hoje (25 de Fevereiro) soube da apresentação pública em Alenquer de uma candidatura conjunta PSD/CDS/MPT/PPM para o concelho de Alenquer, liderada pelo arquiteto Nuno Coelho”, relata José Carlos Morais, sublinhando que “sem a esperada resposta do líder”, apenas a concelhia do CDS lhe apresentou justificações, “dizendo que lamentava não haver condições para me integrarem na coligação - deduzi que a CPNT 2013 não contava comigo”.
Vincando que não procura lugares políticos, o antigo representante do Partido da Terra (MPT), que nos últimos anos – após a alegada “mudança de direção e linha política do MPT” – voltou a assumir o estatuto de independente, salienta que a sua intervenção “sempre foi feita numa perspetiva de participação e cidadania”. “Não abdico, nem nunca abdicarei, da minha liberdade e de pensar por mim próprio. Tendo sido eleito no atual mandato nas listas de uma coligação, que irá continuar, mas que deixou de contar comigo para a sua equipa, entendo que devo renunciar ao meu mandato na Assembleia Municipal e na Assembleia de Freguesia do Carregado”, sustenta José Carlos Morais, sublinhando que termina aqui a sua ligação à CPNT e a sua representação política nas assembleias de que fazia parte.
Para José Carlos Morais, “é fácil perceber que a minha forma de estar na política não se encaixa muito bem nas regras da nossa democracia. Cada vez que sou eleito o sistema encarrega-se de me expulsar como um corpo estranho. Um sistema político que, perante a apatia participativa da nossa sociedade, não favorece candidaturas ou eleitos independentes”. Na sua opinião, “a renovação da democracia precisa de desenvolver a cidadania, promover a participação e estar aberta a todos os que pretendam apresentar soluções e candidatarem-se à representação de comunidades e de eleitores nos órgãos de decisão, sem que para tal tenham que recorrer (e tantas vezes usar…) um partido político com que não se identificam”, defendendo que “este é um caminho que falta percorrer e a mudança de que todos falam mas que parece assustar muitos”.
Magoado, eventualmente por não ver reconhecido pelos dirigentes da CPNT o seu trabalho autárquico – lembrando que foi o deputado municipal que apresentou mais propostas e recomendações na assembleia, a esmagadora maioria das quais aprovadas –, abandona a “guerra” política mas promete regressar à “guerrilha” da participação cívica".

Fonte: "Nova Verdade"

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