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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Arguido assume participação no tráfico de uma tonelada de cocaína

O líder da rede criminosa não é arguido no processo, porque está detido na Argentina
Um dos principais arguidos de um processo de tráfico de droga julgado em Alenquer confessou ontem fazer parte do grupo de seis elementos que importou, da Argentina para Portugal, cerca de uma tonelada de cocaína dissimulada em sacas de carvão. "É tudo verdade o que consta da acusação (do Ministério Público). Estou arrependido por ter cometido estes crimes contra a nação portuguesa. É uma complicação e pus em perigo a minha família”, assumiu o homem perante o colectivo de juízes do Tribunal de Alenquer, na primeira sessão do julgamento.
Dos seis arguidos - cinco de nacionalidade argentina e um romeno -, com idades entre os 20 e os 48 anos, cinco encontram-se em prisão preventiva. Estão acusados, cada um, de um crime de tráfico de estupefacientes agravado e de associação criminosa, além de dois deles responderem também por falsificação de documentos. O líder da alegada rede criminosa não é arguido no processo, uma vez que está detido na Argentina por crimes idênticos.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, a estratégia passava por exportar da Argentina, por via marítima, contentores de sacas de carvão para dissimular a droga, sendo depois armazenados em armazéns arrendados em Torres Vedras e Alenquer, até serem reencaminhados para Espanha por via terrestre. Um dos principais arguidos no caso confirmou hoje em tribunal que este era o modo de actuação do grupo e acrescentou que, após a apreensão, em 2010, de mais de 700 quilos de cocaína pelas autoridades espanholas na zona de Burgos, o presumível cabecilha delineou um plano para fazer o transporte da droga para Portugal, a qual seria depois levada para Espanha por via terrestre. Para o efeito, os elementos passaram a usar nomes falsos em documentos de identificação pessoal, facturas e contractos de arrendamento, procederam a um carregamento de teste e constituíram uma sociedade que seria a destinatária dos carregamentos e faria a separação da droga do carvão.
O homem esclareceu hoje que um dos outros arguidos no processo criou uma empresa em Portugal para receber a mercadoria, que seria depois levada para os armazéns e mais tarde transportada para Espanha. O arguido assumiu perante o colectivo de juízes que era ele que recebia directamente as ordens do suposto cabecilha e que foi o próprio quem fez o transporte da cocaína para Elvas, onde se encontrou com um outro arguido no processo que, por sua vez, levou o estupefaciente para Espanha. O primeiro carregamento, contendo meia tonelada de cocaína, chegou ao porto de Lisboa em Novembro de 2011. Depois da separação dos produtos, o carvão foi vendido a uma empresa, mas duas sacas contendo 12 quilos de cocaína seguiram por descuido, misturadas com o carvão, vindo a ser apreendidas em Dezembro.
Sucederam-se outros dois carregamentos, de 400 e 150 quilos de cocaína, respectivamente, em Março e Abril de 2012, mas o segundo chegou a Lisboa quando o grupo já estava detido. Dois outros arguidos, com menor responsabilidade na hierarquia da suposta rede criminosa de tráfico de droga de cariz internacional, confessaram igualmente o seu envolvimento nos crimes, tendo um deles, com 20 anos, pedido "desculpa e uma oportunidade" ao tribunal para se redimir. A próxima sessão ficou agendada para 11 de Setembro às 10:00 no Tribunal de Alenquer.

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