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sábado, 7 de janeiro de 2017

Alenquer candidata “Pintar e Cantar dos Reis” a Património Imaterial nacional

A Câmara de Alenquer submeteu a candidatura da tradição do "Pintar e Cantar dos Reis" a Património Cultural Imaterial nacional à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), disse hoje o vice-presidente da autarquia.
Rui Costa afirmou à agência Lusa que a candidatura foi entregue na DGPC no final de dezembro e que o município vai apresentá-la numa sessão pública no domingo, equacionando vir também a candidatar a tradição a Património Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
O autarca adiantou que o município pretende criar um centro de interpretação dessas tradições e prevê em fevereiro lançar obras de adaptação do atual posto de turismo para o efeito, estimando para junho a sua conclusão.
"Queremos transformar o espaço não só num novo posto de turismo, mas também num centro de interpretação e porta de entrada para o início de uma rota turística destas tradições", explicou.
O investimento está orçado em 160 mil euros, dos quais 24 mil euros vão ser financiados pela elétrica EDP no âmbito do seu Programa Tradições.
O centro interpretativo vai dar a conhecer os desenhos e os cantares dos reiseiros, recorrendo não só a esse espólio, mas também a conteúdos multimédia.
Além do centro, o município quer criar um rota turística pelos locais do concelho associados a estas tradições, através da colocação de sinalética.
Há um ano, a câmara deu início ao processo de candidatura do "Pintar e Cantar dos Reis" a Património Cultural Imaterial nacional, ao constatar que a tradição poderia vir a ficar em risco, por existirem "muito menos grupos de pessoas".
No último ano, foi efetuado um estudo de inventariação documental e multimédia dessa história, para salvaguardar no futuro a tradição enquanto manifestação cultural e rejuvenescer a tradição.
Na noite de 05 para 06 de janeiro, cantam-se os reis de porta em todo o país. Contudo, em algumas terras do concelho de Alenquer, são também pintados nas paredes das casas símbolos e desejos de felicidades para o ano que começa.
Os reiseiros, o nome pelo qual são apelidados todos aqueles que fazem cumprir o ritual, dividem-se em dois grupos, o primeiro dos quais segue munido de lanternas, pincéis e tintas e marca o trajeto com pinturas, a vermelha e azul, de corações e vasos floridos, estrelas, símbolos de profissões - como uma balança ou um martelo - ou da sigla B.R., que quer dizer "Bons Reis".
O segundo grupo, após o apontador cantar a solo, entoa melodias e deixa votos de felicidades para o ano novo.
De acordo com o município, a tradição mantém-se viva em zonas como Catém, Casal Monteiro, Ota, Abrigada, Olhalvo, Pocariça, Mata e Penafirme, Cabanas de Torres e Paúla, cobrindo cerca de um terço da área do concelho.
Mas há memória de se terem pintado e cantado os Reis em Meca, Espiçandeira, Canados, Bogarréus, Fiandal, Bairro, Estribeiro, Valverde, Calçada, Pereiro, Aldeia Gavinha e Penedos.

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