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quarta-feira, 16 de março de 2022

Alenquer desliga sirenes dos bombeiros por respeito aos refugiados da Ucrânia

O Serviço Municipal de Protecção Civil de Alenquer (SMPC) e as duas associações de bombeiros do concelho decidiram suspender, pelo menos por 30 dias, os toques de sirene dos quartéis das
corporações, porque perceberam o impacto muito negativo que esse som teve em algumas crianças ucranianas que chegaram nos últimos dias ao município. A medida aplica-se a partir desta quarta-feira, para já por um período de 30 dias, que será reavaliado em meados de Abril.


Habitualmente as sirenes dos quartéis de Bombeiros de Alenquer e da Merceana e das secções de Bombeiros de Olhalvo e da Abrigada tocam ao meio-dia e quando é necessário apelar à vinda de voluntários que ajudem no socorro a situações de emergência como acidentes graves, incêndios ou inundações. O concelho de Alenquer, que tem cerca de 42 mil habitantes, já recebeu, nos últimos dias, mais de 40 refugiados da Ucrânia e estará disponível para receber mais.
Com esta suspensão do toque das sirenes, os serviços municipais de Protecção Civil de Alenquer pretendem “proporcionar algum sentido de paz e tranquilidade aos refugiados ucranianos, dissociando este som das experiências traumáticas que os assolaram nas últimas semanas, em função do conflito armado que decorre no país de origem”.
“Tudo o que vemos dos cenários de guerra na televisão são os barulhos de bombas e de aviões, todos eles antecipados pelo barulho das sirenes. Nós associamos o barulho a outros contextos, que não o de guerra. Por carinho e solidariedade com os refugiados ucranianos que têm chegado ao nosso território, no intuito de proporcionar alguma paz e descanso a estas pessoas, decidimos manter as sirenes em silêncio, permitindo que a cabeça destas pessoas possa dissociar o som do trauma da guerra, que viverá para sempre dentro deles”, sublinha Rodolfo Batista, comandante operacional da Protecção Civil de Alenquer, frisando que foi a reacção traumática de duas crianças refugiadas que levou o SMPCA a equacionar esta medida, que avaliou depois com as corporações de Bombeiros e que teve a concordância do executivo camarário.