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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Aterro de pedreiras de Alenquer avança sobre convento do século XV

Um aterro utilizado para depósito de terras provenientes da exploração das pedreiras vizinhas está já muito próximo do Convento de São Julião, um imóvel com origens no século XV, actualmente integrado na Quinta de São Paulo, a Norte da vila de Alenquer. A situação está a preocupar autarcas e ambientalistas locais, que reclamam medidas para “travar” a expansão do aterro e evitar danos no edifício histórico. A Associação de Defesa do Ambiente do Concelho de Alenquer (Alambi) defende mesmo a urgente classificação do convento quatrocentista como Imóvel de Interesse Municipal. A Câmara de Alenquer garante que está a fazer uma análise técnica da situação e que vai tomar medidas.
“O património histórico de Alenquer é vasto e mal protegido. O património conventual, posto a saldo pelos liberais no século XIX, foi destruído na sua maior parte. Esperamos não vir a lamentar também a perda do que resta do convento de S. Julião”, alerta a direcção da Alambi, em carta dirigida a todos os eleitos da Câmara de Alenquer e ao presidente da Assembleia Municipal. 
A associação ambientalista recorda que o Convento de S. Julião, localizado junto à Carapinha de Alenquer, nas proximidades da grande mancha de pedreiras situada a Norte da vila de Alenquer, “faz parte do património histórico do concelho” e que, segundo fontes históricas locais, terá sido fundado em 1441.
Alenquer foi durante séculos uma vila de grande importância histórica, que pertencia ao património das rainhas. Várias, como a rainha Santa Isabel, permaneciam em Alenquer durante longas temporadas e na área da vila desenvolveram-se muitas igrejas e conventos. A importância do Convento de São Julião é reconhecida pela Câmara que, no seu site, identifica o imóvel como “património arquitectónico a proteger”.
“Sobre este convento avança um grande aterro que serve de depósito à terra vegetal que é extraída destas pedreiras. Outro casario desta quinta, de que o convento de S. Julião faz parte, já está a ser engolido pelo aterro. Tendo em conta que os industriais das pedreiras fazem tudo o que lhes for permitido fazer, como ficou demonstrado em Borba, ou, para não irmos tão longe, como acontece na Carapinha, na Serra de Atouguia, ou no Cabeço de Meca, de modo nenhum podemos ter a certeza que este  elemento do nosso património não vai ser soterrado por este aterro”, salienta a Alambi, considerando que as pedreiras mais próximas têm que cumprir planos de lavra e, caso existam nestes casos, as medidas previstas na Declaração de Impacte Ambiental. “Por outro lado, a alteração ao relevo do terreno, carece de autorização da Câmara Municipal, pelo que, o avanço deste aterro sobre o Convento de S. Julião, não é, de modo nenhum uma inevitabilidade”, acrescentam os responsáveis da Alambi, solicitando à Câmara que “proteja com a maior brevidade este monumento com o estatuto de Património Arquitectónico de Interesse Municipal, o que já devia ter acontecido há muito, de modo a proteger também a sua zona envolvente, para que melhor possa impor uma distância de salvaguarda a este convento”.

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