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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Miminhos dos Reis: ideia que nasceu de alunos do 3º ano de Alenquer esgota neste Natal

Bolachas inspiradas na tradição do Pintar e Cantar dos Reis é uma das seis ideias nascidas no âmbito do projeto de empreendedorismo escolar do município de Alenquer a chegar ao mercado. Lançado no ano letivo 2014-2015, o programa envolveu até agora 7213 alunos de 414 turmas do concelho. O investimento da autarquia na promoção do espírito empreendedor dos alunos vai já em 300 mil euros.

A ideia nasceu há cinco anos de nove alunos do 3.º ano da Escola Básica de Canados, em Alenquer, e foi recuperada pela empresa Europastry que a colocou nas prateleiras dos supermercados no dia 30 de novembro deste ano. Os estudantes, sob a orientação das professoras Carla Mourão, Luísa Morais e Selma Moreira, e no âmbito de um projeto educativo de fomento ao empreendedorismo nas escolas daquele município, decidiram criar bolachas artesanais, a que deram o nome de Mimimhos dos Reis. "As bolachas Miminhos dos Reis tiveram origem na tradição alenquerense do Pintar e Cantar dos Reis, que decorre na noite de 5 para 6 de janeiro. Estas bolachas são cobertas de pasta de açúcar, representando alguns dos símbolos pintados pelos Reiseiros que percorrem as aldeias do concelho de Alenquer na Noite de Reis", explica Paulo Franco, vereador do Ambiente, Atividades Económicas, Cidadania, Empreendedorismo, Fundos Comunitários e Saúde da Câmara Municipal de Alenquer.

"O produto está a ser muito bem recebido pelos consumidores, especialmente nesta quadra natalícia. A procura excedeu em muito a oferta e o produto está, atualmente, praticamente esgotado em todas as lojas aderentes, tendo o fornecedor - Europastry Portugal - iniciado uma nova fase de produção", acrescenta ainda Paulo Franco.

O vereador sublinha que "nem a escola nem a autarquia obtêm quaisquer lucros relacionados com a comercialização deste produto. A autarquia beneficiou, sim, em 2017, de um financiamento no valor de cinquenta mil euros, ao abrigo de uma candidatura no âmbito do Programa Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar - Aluno ao Centro, promovido pela Comunidade Intermunicipal do Oeste. Foi este financiamento que serviu de apoio ao lançamento do projeto dos Miminhos dos Reis".

O autarca revela que, na altura, há cinco anos, "os alunos testaram as receitas com a colaboração de uma pasteleira local, ensaiaram embalagens, desenharam logótipos, criaram e emitiram notas de encomenda, até que, por fim, começaram a comercializar o produto de maneira informal. Ao reconhecermos o potencial desta ideia, contactámos a Europastry - empresa multinacional na área da padaria e pastelaria ultracongelada com sede no Carregado - que aceitou o desafio do município de Alenquer e colocou em marcha um estudo de viabilidade de produção deste produto que passou do fabrico artesanal para a produção industrial".

Há ainda outros parceiros envolvidos, nomeadamente ao nível da distribuição, com o apoio do Auchan Supermercado Campera, do Intermarché de Abrigada, da Confraria do Café, do Continente Modelo Carregado e da gráfica Simões & Gaspar. "O acordo que formalizamos com estas empresas é concretizado ao abrigo das Parcerias de Responsabilidade Social Empresarial, projeto que consiste no estabelecimento de acordos com empresas locais, com o intuito de promover eventos e executar ações que contribuam para a comunidade local", explica o vereador.


Seis ideias chegam ao mercado

Os Miminhos dos Reis são apenas um dos projetos desenvolvidos no âmbito do empreendedorismo escolar em Alenquer, que já tem sete anos, a chegar ao mercado. "Até à data, foram seis as ideias que resultaram em produtos concretos, lançados no mercado com o apoio de distintos parceiros empresariais e comerciais: o jogo de tabuleiro "Além Vou" (2015); o jogo "À Descoberta de Portugal Continental" (2016), o "Pão Alão" (2016), os livros "Carregado... Carregadinho de Histórias" (2017) e "Carregado, um Mundo de Sabores Interculturais - Viagens Gastronómicas" (2021), e as bolachas artesanais Miminhos dos Reis (2021)", elenca Paulo Franco.

Foi no ano 2014-2015 que o empreendedorismo chegou às escolas do concelho. Começou com um projeto-piloto no 1.º ciclo, no Agrupamento de Escolas Damião de Góis, com três turmas do 4.º ano, numa parceria com a AIP (Associação Industrial Portuguesa) e a iniciativa Atelier Empreender Criança. E foi sendo alargado e hoje existe em quatro agrupamentos de escolas, abrangendo "uma população escolar que vai desde o 1.º ciclo do ensino básico (3.º e 4.º anos) até ao ensino secundário (via profissional), sendo a Educação para o Empreendedorismo uma disciplina de oferta complementar obrigatória no 2.º e no 3.º ciclos do ensino básico, desde 2019", adianta Paulo Franco.

Neste ano letivo participam no projeto 1871 alunos de 94 turmas dos quatro agrupamentos de escolas do concelho. Desde o seu lançamento, o projeto chegou a mais 7213 alunos de 414 turmas dos quatro agrupamentos.

Para a operacionalização do programa de empreendedorismo, além da equipa técnica da autarquia, a câmara de Alenquer estabelece parcerias com outras entidades. "Ao longo dos anos temos vindo a contar com o apoio operacional de vários parceiros estratégicos na implementação de novas metodologias pedagógicas, nomeadamente, com a AIP - Associação Industrial Portuguesa e a Circular Economy Portugal. Atualmente, é a Betweien - Challenge and Success, empresa dedicada à implementação de projetos educativos e à produção de recursos pedagógicos inovadores que, em conjunto com a nossa equipa, dinamiza as sessões de capacitação de alunos e professores".

A autarquia mostra-se orgulhosa de ver "o reconhecimento por parte da Direção-Geral da Educação, que sinaliza o nosso projeto enquanto boa prática educativa no contexto do empreendedorismo, o que muito nos honra", destaca o responsável, que faz um balanço positivo deste projeto no qual a câmara de Alenquer já investiu cerca de 300 mil euros. "A par deste investimento direto na vertente educativa, assinalo também todo o esforço que a autarquia tem feito ao nível da capacitação da nossa equipa técnica. Mas acreditamos que este é um investimento que terá um retorno exponencial nos próximos anos, no que respeita à capacitação empreendedora das futuras gerações de profissionais", sublinha.

"A grande premissa deste modelo educativo", acrescenta, "é a de que o empreendedorismo não é apenas um meio para criar empresas, mas sim, um caminho para o desenvolvimento transversal das competências cívicas das crianças e jovens, que lhes permita ter um papel socialmente mais ativo, criando valor para si próprios e junto das suas comunidades".


Fonte: https://www.dinheirovivo.pt/

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