Kely Oliveira, de 31 anos, começou aser julgada esta quarta-feira no Tribunal de Alenquer |
A mulher acusada de maltratar e matar os filhos menores em Alenquer confessou esta quarta-feira em tribunal que cometeu os crimes para se vingar do pai, de quem pretendia separar-se, para aquele «não ficar com as crianças».
«Só ateei fogo ao sofá para matar as crianças pela inalação de fumo e não pelas chamas, porque sabia que era tóxico», disse a arguida ao coletivo de juízes, presidido por Isabel Calado, sem se emocionar.
Kely Oliveira está acusada de dois crimes de homicídio qualificado, um de incêndio, um de dano e outro de maus tratos.
«Eu não ficava com os meus filhos [de um e dois anos], mas ele [companheiro e pai das vítimas] também não ficaria», justificou, explicando que a relação conjugal não andava bem, porque não só aumentavam as discussões e agressões físicas, mas também porque o marido «só ligava às crianças» e pretendia separar-se.
Como o marido, alegou a mulher, não a deixava levar os filhos ao Brasil para a família dela os conhecer e a ameaçava de que iria ficar com a custódia dos menores, «sabia que perdia a ação judicial porque estava ilegal e desempregada» e decidiu atuar.
«Era incapaz de viver sem os meus filhos perto de mim», disse.
A afirmação levou a juíza a questioná-la se, depois de os matar também não os afastou de si. A arguida respondeu que, por isso, está a «sofrer muito», afirmando que o agudizar da relação conjugal estava a prejudicar-lhe a sua saúde mental.
Apesar de confessar os factos, recusou tê-los planeado. Ainda que uma semana antes tenha tentado matar os filhos e suicidar-se, pondo fogo à casa, justificou que voltou a usar o mesmo método, concretizando-o no dia 19 de dezembro, pelo facto de ela e o marido terem discutido nessa manhã e de ter sofrido um murro dele.
Nesse dia, segundo o MP, aproveitando o facto de estar sozinha em casa com os filhos, fechou-os no quarto, deitou-os na cama e pôs fogo àquela divisão. Ateou fogo a um sofá com um isqueiro.
Fez as malas, deixou uma carta ao companheiro, a responsabilizá-lo e a chamá-lo de «demónio», e fugiu, telefonando à sogra a dizer que «pegou fogo à casa e [que] os meninos morreram», o que veio a acontecer.
É também acusada de maus tratos por, em agosto, ter arrastado o filho mais velho pela mão, vindo este a cair várias vezes, a bater com a cabeça no poste e a sofrer ferimentos nos pés, por caminhar descalço.
A mulher, de 31 anos, que aguarda julgamento em prisão preventiva, foi detida quatro dias depois pela Polícia Judiciária.
O julgamento segue esta tarde no Tribunal de Alenquer, com a continuação do depoimento da arguida e a audição de várias testemunhas de acusação.
Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/
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