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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Abrigada chora morte de quatro amigos

Natalina Ferreira, mãe de Marcos (de preto),
segurava ontem uma foto do filho
 como forma de recordação
Cinco famílias devastadas pela dor. Uma freguesia inteira, Abrigada, transtornada pela perda de "filhos da terra". Este é o resultado do trágico acidente que ontem de madrugada provocou a morte a quatro jovens – o quinto está em coma no hospital – no IC2, em Alenquer.
André Esteves, o condutor, de 19 anos, Carlos Alberto Januário e Marcos Ferreira, ambos com 21, e Augusto Miguel Carlos, de 37, perderam a vida na brutal colisão contra um poste de electricidade. Fábio Galveias, de 19 anos, sobreviveu, mas à hora de fecho desta edição lutava pela vida numa cama do Hospital de São José, em Lisboa.
A noite tinha começado com um jogo de futebol no ringue em frente ao quartel dos Bombeiros da Abrigada, onde os cinco amigos cresceram e ainda viviam. Depois, de acordo com testemunhas e fontes policiais, "puseram-se a fazer piões para provocar quem lá estava". A seguir "arrancaram a alta velocidade" para Alenquer. Menos de dez minutos depois, pelas 00h40, chegava o alerta aos bombeiros: a informação apenas dava conta de um acidente com várias vítimas no IC2. E os elementos dos Bombeiros da Abrigada apressaram-se a socorrer os mesmos jovens que minutos antes os tinham provocado. Mas pouco puderam fazer. A notícia da tragédia foi chegando às famílias durante a madrugada. "Eram 04h04 quando o telefone tocou. Era do Hospital de Vila Franca. Fiquei logo arrepiada, pois pressenti que algo de mau tinha acontecido. Em Abril perdi o meu pai, agora o meu irmão", conta, lavada em lágrimas, Maria Graça, irmã de Augusto, o mais velho do grupo de amigos.
Amparada por familiares e por amigos próximos, Natalina Ferreira, mãe de Marcos, estava ontem à tarde incapaz de pronunciar qualquer palavra entre o choro convulsivo, enquanto agarrava com força uma fotografia do filho. E nem as palavras de conforto recebidas amenizavam o sofrimento. "Ninguém merece isto. Muito menos uma mãe", lamentava ao CM uma tia do jovem.
TRÊS DAS VÍTIMAS FORAM CUSPIDAS
Segundo o CM apurou, nenhum dos ocupantes do Volkswagen Golf levava cinto de segurança, tendo três passageiros sido cuspidos. Os outros dois ficaram encarcerados. E para lá da certeza de que André Esteves era o condutor, não se sabe que lugares os outros quatro ocupavam no carro. O Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes da GNR do Carregado vai peritar a viatura, assumindo o inquérito.
CAMIONISTA ESCAPA ILESO
Vasil Sorin, de 50 anos, era o motorista do camião que ainda foi atingido pelo VW Golf. Escapou ileso. "Só foi ao hospital para fazer o teste do álcool, mas acusou zero", garantiu o patrão, Mário Franco.
"ERAM TODOS TÃO NOVOS"
Em casa de Carlos Alberto Januário, a irmã Ana Maria e o padrasto João Inácio eram ontem à tarde o rosto da dor. Ainda atordoados pela terrível notícia, apenas disseram: "É uma tragédia. Eram todos tão novos."
Cenário semelhante vivia-se no Bairro, uma pequena localidade a dois quilómetros da sede de freguesia, onde André Esteves vivia com os pais. Rodeados de familiares e amigos que iam chegando com uma palavra de conforto, só viam o sofrimento ultrapassado pelo da avó do jovem, que gritava entre lágrimas pelo seu "menino".
"Esperança" era a palavra mais ouvida em casa de Carlos Galveias, pai de Fábio. Visivelmente transtornado, o progenitor era incentivado pelos vizinhos a "não perder a fé". "O Fábio está em coma. Só nos resta esperar", disse ao CM minutos depois de falar para o hospital.

Fonte: http://www.cmjornal.xl.pt

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