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terça-feira, 9 de novembro de 2010

«Jorge Riso está a fazer um bom trabalho, mas não é o Álvaro Pedro»

Notícia "Nova Verdade", edição de 01NOV2010

Carlos Cordeiro, militante histórico do PS/Alenquer, não tem dúvidas sobre as diferenças entre os “regimes” socialistas liderados por Álvaro Pedro e Jorge Riso. “As transições nunca são fáceis. O Álvaro Pedro estava muito arreigado no espírito das populações e cada pessoa é uma pessoa diferente; o Jorge Riso não é o Álvaro Pedro. O Jorge Riso foi militar, ainda trará algumas coisas do aspecto da vida militar, mas não é o Álvaro Pedro, ‘popularucho’ e conhecido de toda a gente”, analisou o antigo presidente da Assembleia Municipal de Alenquer e deputado do PS à Assembleia da Republica. 
Numa entrevista ao “Fórum Alenquer”, programa de actualidade política da Rádio Voz de Alenquer, Carlos Cordeiro, de 76 anos, recordou a grande cumplicidade que manteve com Álvaro Pedro durante os 34 anos em que este se manteve na presidência do município alenquerense, fazendo “um balanço positivo” dessa longa fase da vida concelhia.
“Eu fui sempre um colaborador directo do Álvaro Pedro – nunca pensei em ser presidente da câmara porque nunca pensei em deixar a minha profissão de solicitador –, houve sempre entre nós uma grande ligação e uma grande troca de opiniões”, vincou o militante nº 2 do PS/Alenquer, revelando que “a fórmula que manteve Álvaro Pedro na câmara durante 34 anos foi em primeiro lugar fazer as infra-estruturas básicas para a população (água, esgotos, electricidade e caminhos), e depois a sua simplicidade e popularidade”.
Numa apreciação à nova gestão PS na Câmara de Alenquer, protagonizada por Jorge Riso, Cordeiro reconheceu que, “apesar das dificuldades que há, está a fazer um bom trabalho”, salientando que o sucessor de Álvaro Pedro “tem uma gestão difícil pelas circunstâncias da crise e de não ter maioria absoluta”.
Carlos Cordeiro recordou que começou a interessar-se pela política ainda muito jovem, devido à influência directa do pai. “Na minha casa sempre se foi do contra. Aliás, eu tive uma oportunidade que poucos rapazes da minha idade tiveram, porque quando fiz o exame da antiga 4ª classe, houve uns que foram para o colégio estudar – aqueles que tiveram possibilidades –, outros foram trabalhar para as oficinas e eu fui trabalhar para o Tribunal, como empregado de um escrivão; isto em pleno período da Grande Guerra, 1943/44. O Tribunal era um fórum de discussão política da guerra e o miúdo que eu era começou a aperceber-se dessa realidade”, especificou aquele que aos 16 anos já participava no jantar comemorativo da implantação da República e mais tarde se tornou seu organizador, reconhecendo que mais tarde se sentiu grandemente influenciado pelo advogado Teófilo Carvalho dos Santos, que já depois do “25 de Abril” foi presidente da Assembleia da República.
Opositor assumido ao antigo regime, em 1969, foi delegado da oposição nas mesas eleitorais das Presidenciais a que concorreu Humberto Delgado. Decidiu tornar-se militante socialista logo a seguir ao 25 de Abril de 1974. “Aderi ao PS, porque era ali que eu me sentia bem, aquela é que era a minha família”, concluiu o antigo autarca, eleito nas primeiras eleições livres após a revolução de 1974, integrado desde então e até às eleições autárquicas de 2005 o órgão deliberativo do Município de Alenquer, tendo desempenhado o cargo de presidente em sucessivos mandatos.
Galardoado no ano passado com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro, continua empenhado na vida política concelhia, sendo actualmente membro da Comissão Política Concelhia de Alenquer do PS/Alenquer.


1 comentário:

  1. "a fórmula que manteve Álvaro Pedro na câmara durante 34 anos foi em primeiro lugar fazer as infra-estruturas básicas para a população (água, esgotos, electricidade e caminhos), e depois a sua simplicidade e popularidade”.

    Este discurso parece tirado de um livro sobre a Roma Antiga. O problema é que se passou em pleno sec.XX

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