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domingo, 20 de março de 2011

Uma idosa entregue com nódoas negras

Regina Costa com a neta Marisa
Rodrigues
Cheia de fome e com sono. Assim estava Regina Sousa Costa, de 84 anos, quando foi entregue à família. Mas só quando as funcionárias do novo lar onde está lhe foram dar banho é que foram descobertas as equimoses nos braços e nas pernas. "Não me vão bater, pois não?", perguntou.
Regina Costa era um dos cinco utentes do lar de Santana da Carnota, Alenquer, que estavam desaparecidos desde que a Segurança Social encerrou o espaço, na quarta-feira. Na sexta-feira, ao fim do dia, foi entregue à família, por uma funcionária do lar.
"Soubemos que era o lar onde estava a minha avó pelas notícias", conta ao CM Marisa Rodrigues, neta de Regina e jornalista da TVI. Nos telefonemas que se seguiram, a proprietária do lar, Maria da Conceição Boto, foi sempre garantindo que a idosa estava bem, mas recusou dizer onde estava, alegando ter "o telefone sob escuta".
Marisa e a mãe decidiram rumar a Alenquer mas, quando estavam a chegar, uma tia recebeu um telefonema de uma funcionária do lar a dizer para ir buscar a idosa. Entregou-a na rua, com um saco que continha os alegados pertences. "A maior parte nem é dela, e, tirando uma ou outra peça de roupa, estava tudo cheio de urina", conta Marisa.
Ainda na sexta-feira, encontraram um lar para colocar a senhora, em Arruda dos Vinhos. A idosa comeu e, antes de adormecer, perguntou à responsável do novo lar: "Não me vai dar com o pé, pois não?" As equimoses nos braços e pernas foram descobertas quando as funcionárias deram banho a Regina. À hora de fecho desta edição, os outros quatro idosos continuavam por encontrar. A GNR também não tinha recebido queixa de familiares. Amaro Ramalho, advogado da proprietária do lar, referiu que estes idosos podem ser pessoas sem família que Maria da Conceição acolhia sem receber dinheiro.
ENCONTROU A MÃE NOUTRO LAR
João Manuel, 60 anos, residente na zona de Alenquer, procurou a mãe, Maria Ofélia da Costa, de 81 anos, durante todo o dia de sexta--feira. Acabou por encontrá-la ao princípio da noite num outro lar na freguesia de Olhalvo, com a ajuda da GNR. Tinha sido levada para lá na sequência do encerramento do lar de Santana da Carnota, na quarta-feira. "Tentei contactar com Maria da Conceição [dona do lar] mas nunca me atendeu, o que não compreendo", contou ao CM João Manuel, sublinhando que a mãe foi para aquele lar porque a sua avó também lá esteve. "Sempre que visitava a minha mãe achei tudo limpo e a comida era decente", disse, acrescentando que ontem, quando foi ver a mãe, encontrou-a muito abalada. "Claro que não gostei da atitude de Maria da Conceição, mas a minha mãe lamentou que a tirassem de lá. A minha mãe gostava de lá estar."

Fonte e Foto: Correio da Manhã


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